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Divulgação da literatura
A cidade de Piracicaba sempre teve forte tradição das artes no geral, da pintura à literatura. No século XX, mais precisamente na área da literatura por volta da década de 20, Thales Castanho de Andrade foi um nome marcante, tendo seus livros sendo distribuídos por uma das maiores editoras do país, a Melhoramentos, para todas as escolas do estado de São Paulo.
Os grupos literários tem procurado levar para as ruas seus textos e de outros grandes nomes regionais. São pequenas ações em datas como dia da mulher, dia dos namorados, dia dos pais e eventos como o Próprio Flipira. E dessa forma estão desenvolvendo uma literatura mais contemporânea com fotos, letras grandes, diferenciadas de forma a torna convidativo para o público em geral. “A gente quer mostra que a literatura pode ser uma coisa atual e mais concreta.” eles querem desmistificar a imagem de antigamente de que os escritores são mais reclusos e fechados.
Pouca gente conhece, mas um local que vende livros com o preço máximo de 10,00 reais é o Recanto dos Livros que acontece aos sábados em cima da gruta do Lar dos velhinhos, das 9h30 as 123 e toda a verba gerada vai para o lar. É uma forma que encontram ajudar e disseminar a literatura de uma forma acessível. Os integrantes dos grupos literários é quem estão lá realizando as vendas e trocando ideias com os visitantes.
Outra forma que encontram é ir às escolas para contar historias e realizar oficinas com as crianças para incentivar a leitura. Além de disseminar o mais importante é estimular o hábito da leitura, pois é assim que tudo começa. É fundamental começar ler por algo que agrade a cabeça e o coração, pois se pegar um livro difícil para idade ou para dar o ponta pé inicial pode destruir todo o trabalho de divulgação feito em cima da literatura.

De acordo com Joseane Maria de Souza, coordenadora do Curso de Letras português da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), conseguir reconhecimento e projeção na área literária é difícil.: “um artista plástico tem mais chance de ser reconhecido que um escritor, mesmo que em um grande centro. Então imagine em uma cidade do interior. É mais fácil o escritor ter reconhecimento local. Cria-se a tradição de escrever sobre a cidade, o que dificulta uma repercussão nacional”. Para a acadêmica, as novas tecnologias facilitaram e baratearam o processo: “hoje tem mais meios de difusão. Antes você ficava a mercê de publicação do material impresso, que é mais caro. Publicar um livro custa dinheiro e hoje a internet permite fazer a divulgação pelos sites, a ela facilitou bastante, não apenas para os autores de Piracicaba como em geral para os escritores”.
Atualmente existem grupos literários na cidade que escrevem e participam de concursos literários, mas eles acabam ficando restritos à cidade. Carmen Pilotto, escritora que participa de alguns grupos da cidade, ressalta a o quanto a cidade apoia a cultura no geral: “diante de tantas cidades que não dão incentivo à cultura, Piracicaba tem muitas opções culturas e admiro a vida cultural da cidade, especificamente no meu caso, que é a literatura”.
Como disse Joseane, publicar um livro impresso não é barato. Temos muitos bons escritores que não tem oportunidade de divulgar seu trabalho em forma física: “nesse aspecto, vemos pouco incentivo de patrocínio para esse tipo coisa”, diz Carmen. Os poucos que conseguem, precisam vencer a burocracia e buscar apoio: “temos que parar de trabalhar para ir pedir dinheiro para patrocínio”, ressalta.

Qualquer pessoa pode participar dos grupos da cidade, tirando a Academia Piracicaba de Letras, que tem alguns requisitos para a participação. “Estamos precisando de novos membros nos grupos para dar uma renovada, estamos sentindo falta de pessoas novas”, diz Carmem. O Grupo Oficina Literária de Piracicaba (Golp), é um desses grupos. Criado em 1989 pelo escritor Ignácio Loyola Brandão, é um grupo voltado para a prosa e suas reuniões acontecem na primeira quarta-feira de cada mês na Biblioteca Municipal de Piracicaba, das 19h30 às 21h30. Além dele, há o Centro Literário de Piracicaba (Clip) voltado à poesia. Ele foi criado em 1991 e atualmente suas reuniões acontecem no último sábado de cada mês, também na Biblioteca Municipal, das 15h às 17h.
Se reunir para escrever é uma tradição, mesmo que nos dias de hoje, quando as pessoas tendem a ficar isoladas na companhia das tecnologias. Tais grupos tornam-se importantes para aproximar as pessoas, organizar eventos e trocar idéias e informações. Segundo a escritora, é importante ter esses encontros para aprender mais sobre a sua escrita e sobre a dos outros integrantes.
Atualmente, quando se fala em literatura na cidade, nos deparamos apenas com uma turma acima de 60 anos: “às vezes esses autores ficam muito focados em modelos da tradição do século XIX, por exemplo, soneto. Todo mundo gosta de escrever soneto. Fica marcada uma tradição mais conservadora de literatura e parece que ela resiste um pouco às discussões mais modernas do que é o texto literário. As formas rígidas dos poemas parecem meio impermeáveis aos textos contemporâneos. Pelo menos é o que vejo”, argumenta a coordenadora do curso de letras. “Acho excelente preservar os autores que caem no esquecimento. Os mais jovens acabam não sabendo. O próprio exemplo é o Thales. Se for perguntar para uma criança quem leu ‘O campo e a cidade’, eles provavelmente não vão saber que o Thales foi amigo do Monteiro Lobado, tido como padrinho da Narizinho. Acho que o resgate é importante para retomar esses nomes e trazer de novo a discussão desses textos, desses autores que podem ficar esquecidos, encerra Joseane.

Piracicaba na Literatura
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