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Para coração frágil uma boa dose de poesia

    Grande nome da poesia piracicabana, Maria Cecilia Machado Bonachella nasceu em 1940 na cidade de Franca, interior de São Paulo e se mudou para Piracicaba aos 11 anos de idade acompanhada de seus pais, José Luiz Machado e Maria Lavínia Sardinha, e seus cinco irmãos, ela sendo a terceira. Foi em Piracicaba que se sentiu acolhida e passou o resto de sua vida. 
   Filha de professores, se encantou logo pelas palavras. Seus pais não deixaram de notar a paixão da filha pelos livros e o seu talento para poesia. Foi incentivada a deixar o dom fluir.  Sua primeira poesia foi publicada no Jornal de Piracicaba em 1958. Ainda muito nova descobriu uma doença cardíaca grave da qual foi desenganada pelos médicos e proibida de ter filhos.  Dor e sofrimento misturados a belas sensações e a vontade de seguir a diante foram os sentimentos que regaram toda sua vida. Ao se casar com Nelson Bonachella, desobedeceu os conselhos médicos dando a luz à três belos filhos. Duas mulheres, Maria Beatriz e Maria Cecília e um homem, Nelson. 

 

   Em 1980 passou a coordenar a seção semanal “Palavras & Versos” no Jornal de Piracicaba, a convite do dr. Losso Netto. Foram 27 anos gloriosos e que conseguiu manter sua seção viva dentro do jornal. Foi uma das fundadoras do Centro Literário de Piracicaba (CLIP) e sua presidente de 1994 a 1996, além do Golp, Grupo Oficina Literária de Piracicaba, no qual também foi fundadora e presidente.  
    A poetisa publicou dois livros autorais, “Três fases” (1968) e “Era uma vez um país” (1992), e participou de diversas antologias poéticas, tanto em Piracicaba, quanto em outras da região. 
   Maria Cecilia veio a falecer em 2007 aos 66 anos superando as expectativas dos médicos que disseram no passado que não passaria dos 20 anos de idade. E este ano foi homenageada como grande escritora local na Flipira (Festa Literária de Piracicaba). Mesmo não sendo piracicabana, foi abraçada pela cidade onde viveu por 55 anos.  Na manhã do domingo, 29 de outubro, os amigos e filha relembraram bons momentos ao lado da poetisa e compartilharam depoimentos gravados no livro “Os pequenos caminhos de Maria Cecilia Machado Bonachella".

Não vou mais escrever; é minha escolha.
Hei de deixar os meus papéis em branco.
_ Tirem da minha frente - agora!- a folha
ou eu mesma a rasgo, ou então, a arranco.
Qual garrafa ao mar tendo presa a rolha
ou caramujo enrolado, eu me tranco.
Esta mágoa não mais meu peito molha
estou sendo sincera, o gesto é franco.
Já nem mais quero rimas, ser poetisa;
o verso se despede e agoniza
sem remorso. É o que a alma determina.
Não tem lugar no peito, nada inspira.
Não, nada existe: amor, nem ódio ou ira.
Apenas se extinguiu, secou a mina.

Decisão (2001):
Esio Pezzato - Maria Cecília
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